Um mundo tão insensível que tenho a sensação de que aqui não pertenço, como se fosse um ET a vaguear por ruas e becos sem saída, mergulhando na escuridão de uma vida sem sentido nem qualquer rumo. Para onde me leva o meu futuro?
Tudo aconteça demasiado depressa, como se nem tivéssemos tempo de saborear cada momento, como se fossemos arrastados por uma corrente forte e devassa contra a qual é impensável lutar. Num dia estamos felizes e contentes no outro estamos no lado oposto. . . Parece que ainda ontem brincava nos recreios da escola, andava pelas ruas a correr e entoava canções de desenhos animados que adorava ver na TV. Hoje, olho para o que me rodeia e já perdi o direito a tudo isto. Dou por mim rodeada de edifícios que são património nacional nos quais não se pode brincar, corro pelas ruas mas devido à pressa e à falta de tempo que já começa a ser demasiadamente habitual, apenas posso entoar o nome e metodologias filosóficas de personagens que, a mim, nada me dizem.
Dava tudo para voltar atrás. Voltar a ter as mesmas pessoas, as mesmas aventuras, as mesmas rotinas, o prazer de entrar na ESFA de manhã e ter o ‘meu pessoal’ à minha espera, ter aquele “Bom dia” , ter aqueles abraços, ter aquelas conversas, simplesmente ter a vida de menina do liceu de volta. Não sei se será assim um orgulho tão grande estar numa faculdade. De que me vale este estatuto se no fundo não me sinto bem aqui? Inicialmente fez-me bem, muito bem até, mas as saudades começam a ser demasiado dolorosas, tudo isto me está a fazer afastar e a magoar muitos daqueles que sempre em mim acreditaram, estou a perder todos aqueles que ainda me restavam. O contacto já é pouco ou nenhum, salvo raras excepções, e com o passar do tempo tornar-se-á cada vez mais difícil. . . Acabaremos por nos esquecer uns dos outros, de tudo o que passámos, de tudo o que simbolizamos, da amizade aparentemente tão forte que nos unia?????? Não! Não poderei permitir que tal aconteça. Para que serviram então todas aquelas juras de que iríamos ser amigos para sempre? Estará esta ‘irmandade’ prestes a cair num declínio total que não conhecerá retorno?
Talvez seja eu a ter mudado, talvez tenha sido eu que me afastei, talvez a culpa seja, novamente, minha. Tornei-me mais fria e distante, admito. Sei que com isso estou a magoar quem não quero, sei que posso estar a cometer o maior erro da minha vida, sei que me poderei arrepender eternamente caso não altere esta situação. Perdoa-me! Perdoa-me se não consigo mudar, perdoa-me se não consigo evitar, perdoa-me se te estou a magoar, perdoa-me se te estou, mesmo que inconscientemente, a afastar. Não quero que me venhas a odiar, não quero que tudo o que temos possa vir a culminar com tamanha estupidez da minha parte, não quero ficar sem ti. . . Posso estar distante mas sabes que nunca deixas de em mim estar presente, posso não dar importância a coisas que antes dava mas no fundo apenas. . . .não sei. Desculpa mas não consigo encontrar uma justificação suficientemente plausível para tudo isto, não consigo. Odeio-me por isso.
Desculpa.