domingo, 19 de julho de 2009

No tecto do meu quarto poemas pintava
Escrevia sem não mais querer parar
Sob aquelas letras eu sonhava
Ria , chorava , dançava
Num vício se estava a transformar .
Muitas coisas ficaram por dizer
Muitos textos não me atrevi a postar
Sabia que era o melhor a fazer
Antes que me viesse a arrepender
Antes que com eles alguém acabasse por magoar .
Foram estes espaços que me preencheram
Que me viram crescer e mudar
Fotos , prosas , poemas que me envolveram
Fases que os que me rodeiam nunca esqueceram
Momentos que de alguma maneira acabaram por me marcar .

Foram três anos que falam apenas por si
Uma vida da qual agora preciso de me afastar
Tenho mesmo de parar por aqui
Já há muito que de tudo desisti
E esta farsa não quero continuar .
Peço desculpa a todos os que desiludo
Sei que esperavam muito mais de mim
Este blog era mais do que tudo
Mas com isso eu já não me iludo
Talvez eu sempre tivesse devido pensar assim .
Terei saudades ou talvez não
O futuro é impossível de prever ou dominar
Nunca pensei perder esta ‘paixão’
Escrever é agora para mim uma prisão
Tudo o que de bom tinha acabou por culminar .
Mesmo que a minha memória falhe por momentos
De alguma forma eternamente em mim vai estar
Procuro , invento , recrio sentimentos
Por entre frases , vírgulas , acentos
Que carinhosamente sempre irei recordar .

Não faz sentido e nunca voltará a fazer
Por muito que eu ainda me tente esforçar
Um dia tudo iria acabar por perecer
Desta vez sei que não me vou arrepender
Desta vez sei que não vou dizer adeus a chorar .
E um dia quando do vazio me cansar
Sei que estará aqui a minha espera
Aqui ou em qualquer outro lugar
Onde e como só eu o sei encontrar

Com aquele jeito que tudo o resto supera .
O meu ADEUS era já definitivo
Apenas recuei para de tudo me despedir
Agora , já não é para isto que vivo
A língua portuguesa eu já não sirvo
Chegou a altura de finalmente ir .
É chegada a hora da verdade
Sei que estou a fazer o que está certo
Este espaço havia perdido a credibilidade
É a minha vez de partir rumo à saudade
É a minha vez de ir ao encontro do incerto .
Erro e continuarei a errar
Foi , é e será sempre assim
Há coisas que sou incapaz de controlar
E por saber que não consigo continuar
Aqui digo que o ER(R)OS chegou ao fim .

Queria escrever , queria continuar
Pelo menos uma despedida como mereceria ter
Mas quando com algo se está a acabar
Não há palavras que o possam expressar
Não há letras que o possam transcrever .
Para ele vivi , até tudo o que construí acabar
Por muito tempo que passe sei que nunca o esquecerei
Mas a partir de hoje todas as manhãs ao acordar
É o meu nome que no meu tecto irei pincelar
Sem letras , só com as lágrimas que um dia também aqui chorei . .



terça-feira, 7 de julho de 2009