terça-feira, 21 de maio de 2013

Eu sei que o barco está furado e sei que tu também o sabes mas, apesar disso, não pares de remar porque se te vir remar, dá-me vontade de não querer parar também. Eu entro nesse barco, só tens de me pedir, nem é preciso ter o jeito certo, é só pedir e eu vou. Já há muito tempo que quero fazer essa viagem, mas preciso de saber se vens também. Sozinha não vou. Se eu remar sozinha apenas conseguirei girar em torno de mim mesma. Promete-me que remas também. Eu deixo tudo, passado, cicatrizes. Eu mudo, mudo o visual, começo a comer tal como sempre mandaste, faço exercício contigo, começo a ler mais sobre política e futebol, aprendo a pescar se for preciso. Mas tens de me prometer que remas também. Eu desisto facilmente, tu sabes e talvez essa viagem apenas dure uns minutos mas, por ti, eu entrava nesse barco, bastava pedires. Perco o medo só para atravessar o mundo contigo e te ver o dia todo e, mesmo se o barco estiver furado e o mais provável seja nós nos afundarmos, prometo que aprendo a nadar para que seja possível nadarmos juntos. Salvar tudo isto. Mas tens de me prometer que remas comigo, enquanto tiveres forças. Tens de me prometer que essa viagem pode valer a pena, que não vai ser à toa. Que por ti, pode valer a pena. Que por nós pode valer a pena remar. Re-amar. Amar.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Gostava de entender o porquê. Eu não sou o melhor para ti, certo? E sabemos que tu também não és o melhor para mim. Somos crescidos, estamos mais maduros. Foi bom enquanto durou, cada um segue o seu rumo e toma o seu lado na vida. E é isso. Um "até logo", dois beijos no rosto, um olhar envergonhado e um sorriso malicioso. De repente, tudo fugiu do controlo. Só mais uma horas, umas noites, mais uma vida, sem que nenhum de nós o conseguisse evitar. 
Parece que tu acabas sempre voltando para mim e eu voltando para ti. É como se tivéssemos um íman, um pólo positivo atraído por um negativo, é a física e a natureza a conspirar a nosso favor.
Gostava de entender o porquê. Nós não precisamos de dar certo, de fazer planos, de tirar mil e uma fotos para provar que o amor é verdadeiro, de sair todos os dias, de receber chamadas de madrugada. Apesar de tudo isto sentimos ciúmes, estamos sempre um para o outro mesmo quando o resto do mundo parece ter-nos abandonado. Talvez porque o nosso mundo seja tão pequeno, que só tenha espaço para nós os dois. Basta que nos pertençamos sem ninguém precisar de saber. Não ter medo de seguir em frente, afinal de contas, sempre nos tivemos um ao outro, mesmo quando parecia não termos nada.
Gostava de entender o porquê. Tanta vez esperei insistisses em mim, que se eu me calasse tu me enchesses de palavras, me fizesses querer tudo aquilo outra vez, que se eu chorasse apenas dissesses que continuarias comigo para tudo, que teria o teu colo, o teu carinho e que, ainda que te doesse ver-me assim, me envolvesses nos teus braços e dissesses que eu poderia chorar, que não sairias dali enquanto eu não sorrisse. E mesmo sem que eu fizesse nada, tudo isso aconteceu. Porque afinal de contas é isso que nos importa não é? O sorriso um do outro. Mesmo que a nossa vida pareça uma escalada até ao inferno, mesmo sabendo que as hipóteses são praticamente nulas. É nestes momentos que, apesar de sermos feitos de carne, temos de viver como se fossemos feitos de ferro. Não há nada que possamos fazer, a não ser esperar que a vida corra e nos leve, deixarmos de tentar pôr um ponto final e continuar a optar pelos três pontos.
Gostava de entender o porquê. O porquê de nós ainda nos procurarmos. Sabemos que nem sempre dura, nem sempre é eterno e talvez tenhamos aprendido a lidar com isso. Mas depois chegam aqueles pequenos momentos, em que volta a montanha-russa de sentimentos, em que voltamos a ser um só. Aqui fico eu, a tentar adormecer com a tua camisola junto a mim. As saudades que eu tinha do teu cheiro. Talvez seja melhor tentarmos nos desamar outro dia... Hoje não. Mesmo que não consiga entender o porquê.

I think I'll miss you forever, like the stars miss the sun in the morning skies.